Bateu a mão na mesa e falou que nunca mais faria alarde de seus planos. Tinha vontade de pegar um avião e voar para "lugar nenhum", onde ninguém a conhecia, onde não pudesse ouvir nada além do vento soprando entre as árvores. Estava cansada de críticas, de opiniões intrometidoas, de discussões que não levavam ninguém a nada; estava farta de expor seus projetos com boa-vontade e sempre chegar um "José-sem-ideia" e copiar suas metas. Isso era chato e ela estava odiava isso! Ela queria se reinventar, queria ser reinventada, ser qualquer coisa, menos ser aquilo que era. Cordas ou lâminas jamais resolveriam seu problema: ela não ansiava por uma salvação repentina, e sim por uma saída que tornasse sua vida menos burocrática e menos dependente de um "departamento de boa-vontade-superior". Mas era muito nova para se julgar dona de seu próprio nariz e isso dificultava muito as coisas. Na falta de possibilidades, contou até dez, cerrou os punhos e bateu na mesa, dizendo em tom de promessa de que nunca mais faria alarde de seus planos.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
A liberdade...
A liberdade! Existe outra coisa que te empolgue mais que isso? Saber que você pode fazer o que bem entender sem precisar se preocupar inteiramente com um outro alguém? Acho que não, né? E eu nem tô falando do tipo básico de liberdade: a de não ter que dar satisfação.
Sabe quando você consegue olhar dentro dos olhos de uma certa pessoa e perceber que sua respiração continua estável, que os batimentos do seu corção não provocam zumbidos no seu ouvido? Quando suas pernas continuam te sustentando como deveriam, quando um sorriso tímido não rouba seu ar? Então... acho que esse é o tipo de liberdade que mais te tranquiliza: saber que você não é depende emocionalmente ou fisicamente de alguém.
É bom saber que se pode controlar suas próprias emoções, suas próprias vontades, conter aquele desejo loooouco de puxar conversa só pra não se esquecer do timbre de voz da pessoa. É bom lembrar de tal pessoinha sem que a imagem de "o cara perfeito" venha te incomodar e a sensação de perda te massacrar.
A partir do momento que vc tem essa sensação, você pode voar. Abrir a portinha daquela gaiola que te aprisionou sem dó nem piedade e se aventurar por aí, abrir as asas no vento e se arriscar... quem sabe, até a amar loucamente de novo! =)
Sabe quando você consegue olhar dentro dos olhos de uma certa pessoa e perceber que sua respiração continua estável, que os batimentos do seu corção não provocam zumbidos no seu ouvido? Quando suas pernas continuam te sustentando como deveriam, quando um sorriso tímido não rouba seu ar? Então... acho que esse é o tipo de liberdade que mais te tranquiliza: saber que você não é depende emocionalmente ou fisicamente de alguém.
É bom saber que se pode controlar suas próprias emoções, suas próprias vontades, conter aquele desejo loooouco de puxar conversa só pra não se esquecer do timbre de voz da pessoa. É bom lembrar de tal pessoinha sem que a imagem de "o cara perfeito" venha te incomodar e a sensação de perda te massacrar.
A partir do momento que vc tem essa sensação, você pode voar. Abrir a portinha daquela gaiola que te aprisionou sem dó nem piedade e se aventurar por aí, abrir as asas no vento e se arriscar... quem sabe, até a amar loucamente de novo! =)
sábado, 22 de agosto de 2009
A pergunta
Até que ela se perguntou: "o que eu estou fazendo aqui?". Uma série de coisas levaram uma mente tranquila e satisfeita a um processo de descontentamento: a distância da família, os excessos do trabalho, a saudade do namorado. Tudo isso fez com que aquela mulher centrada e rígida como diamante desabasse. A vida não estava como ela queria: muito trabalho e pouco dinheiro, muito amor pra dar, mas quem ela realmente amava não estava tão perto.
Havia um tempo, ela se mudara de sua pacata cidade natal em função de seu emprego; dormia bem, comia e se vestia como queria, saía sempre que desse vontade. Podia até dizer que estava muito feliz com a nova vida. Mas a sensação de que faltava alguma coisa sempre esteve lá dentro dela, algumas vezes mais à mostra, outras vezes mais camuflada pelos boas conversar com os amigos, mas sempre lá.
Quando não viajava para ver os pais, passava o dia inteiro em casa, comia pudim de leite condensado com a colher, outras vezes almoçava cenoura e alface pra compensar as calorias do doce. Mas nem nesses momentos em que sua única companhia era ela mesma, ela se deixava abalar: até então ela se dava bem com a distância.
Até encontrar o seu atual namorado, nunca teve problemas com pretendentes: era bonita e elegante e tinha na cabeça que muitos gostariam de estar ao lado dela. Quando um relacionamento mal-sucedido terminava, não chorava, apenas erguia a cabeça e fingia que nada havia acontecido, afinal de contas, ela não demoraria a encontrar um outro alguém.
Muitos namoros começaram e acabaram, muitas idas à sua cidade aconteceram, conseguiu achar um namorado com quem ter algo mais duradouro. Tudo parecia estar bem, como sempre esteve. Mas, por dentro, uma erosão pessoal começou; ela não demonstrava, logicamente, mas a cada dia ela se sentia pior. Já não via mais graça em devorar pudins, não tinha ânimo para viajar mais. E num dia feio e com cara de chuva, antes do anoitecer e depois de já ter andado de um lado para o outro dentro de casa, ela se pergntou: "o que eu estou fazendo aqui?". E tomou um monte de decisões: pediu transferência para sua cidade, esperou as férias e voltou pro aconchego de casa, voltou pra ficar com a sua gente, com quem ela conhecia, voltou pros braços do seu namorado, voltou pra tentar ser feliz.
E deve ter conseguido. Não se arrepende de ter ficado tão longe, não se arrepende por ter sentido saudade por tanto tempo; agora ela está de volta, pra recomeçar e ver as coisas com outros olhos.
Havia um tempo, ela se mudara de sua pacata cidade natal em função de seu emprego; dormia bem, comia e se vestia como queria, saía sempre que desse vontade. Podia até dizer que estava muito feliz com a nova vida. Mas a sensação de que faltava alguma coisa sempre esteve lá dentro dela, algumas vezes mais à mostra, outras vezes mais camuflada pelos boas conversar com os amigos, mas sempre lá.
Quando não viajava para ver os pais, passava o dia inteiro em casa, comia pudim de leite condensado com a colher, outras vezes almoçava cenoura e alface pra compensar as calorias do doce. Mas nem nesses momentos em que sua única companhia era ela mesma, ela se deixava abalar: até então ela se dava bem com a distância.
Até encontrar o seu atual namorado, nunca teve problemas com pretendentes: era bonita e elegante e tinha na cabeça que muitos gostariam de estar ao lado dela. Quando um relacionamento mal-sucedido terminava, não chorava, apenas erguia a cabeça e fingia que nada havia acontecido, afinal de contas, ela não demoraria a encontrar um outro alguém.
Muitos namoros começaram e acabaram, muitas idas à sua cidade aconteceram, conseguiu achar um namorado com quem ter algo mais duradouro. Tudo parecia estar bem, como sempre esteve. Mas, por dentro, uma erosão pessoal começou; ela não demonstrava, logicamente, mas a cada dia ela se sentia pior. Já não via mais graça em devorar pudins, não tinha ânimo para viajar mais. E num dia feio e com cara de chuva, antes do anoitecer e depois de já ter andado de um lado para o outro dentro de casa, ela se pergntou: "o que eu estou fazendo aqui?". E tomou um monte de decisões: pediu transferência para sua cidade, esperou as férias e voltou pro aconchego de casa, voltou pra ficar com a sua gente, com quem ela conhecia, voltou pros braços do seu namorado, voltou pra tentar ser feliz.
E deve ter conseguido. Não se arrepende de ter ficado tão longe, não se arrepende por ter sentido saudade por tanto tempo; agora ela está de volta, pra recomeçar e ver as coisas com outros olhos.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Conto: Antes que as sombras voltem
Três horas da manhã. Ou talvez quase isso. Como em todas as últimas sete noites, meu sono foi interrompido mais uma vez. Não sei exatamente porquê, mas eu tenho sido acordada por barulhos estranhos que, como constatei, só eu escuto e por um frio intenso que só eu sinto.
Enquanto eu fico acordada e o resto do Ocidente dorme, olho pro teto, susurro algumas músicas antigas, viro de um lado para o outro da cama só na esperança de que o sono me tome de volta. Tentativas em vão: quanto mais eu tento relaxar, mais meus olhos relutam em se fechar.
Até que resolvi esperá-la, ou melhor, esperá-las voltarem a surgir. Ao lado da minha cama dura até pra uma pedra, há uma janela; do tipo daquelas de filme de terror: divida em quatro quadrados por onde entra a sombra fantasmagórica de uma árvore. E junto com a sombra do pobre salgueiro-chorão, mais três silhuetas cruzam velozmente a parede do quarto. Da primeira vez, fingi que nem as vi e me cobri até a cabeça com o cobertor empoeirado. Na segunda vez, corri até ofegar pra ver quem estava tentando me colocar medo. Da terceira vez até a quinta, foi a mesma coisa: corria e quando eu achava que estar muito perto, elas desapareciam do nada. Até que ontem cheguei à conclusão de que devo ter ficado louca.
Bom, quem quer esteja tentando me amedrontar, já deve ter se dado conta de que conseguiu e, por fim, desistiu. Até agora não vi mais nenhuma sombra comprida e torta passando pelo lado de fora desse dormitário velho. Mas ainda sinto muito frio, talvez mais do que nas outras noites.
Enquanto eu fico acordada e o resto do Ocidente dorme, olho pro teto, susurro algumas músicas antigas, viro de um lado para o outro da cama só na esperança de que o sono me tome de volta. Tentativas em vão: quanto mais eu tento relaxar, mais meus olhos relutam em se fechar.
Até que resolvi esperá-la, ou melhor, esperá-las voltarem a surgir. Ao lado da minha cama dura até pra uma pedra, há uma janela; do tipo daquelas de filme de terror: divida em quatro quadrados por onde entra a sombra fantasmagórica de uma árvore. E junto com a sombra do pobre salgueiro-chorão, mais três silhuetas cruzam velozmente a parede do quarto. Da primeira vez, fingi que nem as vi e me cobri até a cabeça com o cobertor empoeirado. Na segunda vez, corri até ofegar pra ver quem estava tentando me colocar medo. Da terceira vez até a quinta, foi a mesma coisa: corria e quando eu achava que estar muito perto, elas desapareciam do nada. Até que ontem cheguei à conclusão de que devo ter ficado louca.
Bom, quem quer esteja tentando me amedrontar, já deve ter se dado conta de que conseguiu e, por fim, desistiu. Até agora não vi mais nenhuma sombra comprida e torta passando pelo lado de fora desse dormitário velho. Mas ainda sinto muito frio, talvez mais do que nas outras noites.
domingo, 16 de agosto de 2009
Reflexões numa festa de aniversário...
Pois é, o tempo é algo muito supérfluo. Ontem eu fui ao aniversário da minha amiga e da irmã dela. A Mariana, a amiga, estava fazendo 17, e a irmã dela, 10 anos. Eu JURAVA que ela tava fazendo 9, porque ela tem uma cara de "super-novinha" e tal. Aí, eu e as minhas amigas (a Mariana e a Allyne) começamos a lembrar dos nossos tempos de infância, das festinhas de aniversário, da época que a gnt gostava do mesmo menino, mas uma não deixava de coversar com a outra por causa disso, dos nossos ataques de bubiça no meio da aula, das apaixonites agudas, dos grupinhos, das disputas pra ver qual caderno ficava no topo de cadernos da professora na hora do visto, entres outras coisinhas mais...
E, cara, parece que isso tudo foi ontem! Lembro de quando eu saía pra andar de bicicleta com as meninas da minha sala (OBS: as bicicletas eram iguais), de quando eu ficava morreeeeendo de tédio enquanto elas jogavam The Sims e eu tinha que ficar olhando; de tudo! De TUDO mesmo!
E enquanto a gente conversava, nós ficávamos falando que nós víamos nossas coisas de criança acontecendo com a Márcia (a aniversariante de 10 anos): o jeito de ficar com as amigas, o jeitinho de falar, a sensação de ser mais velha do realmente é, as caras e bocas de menina que já se acha moça. Tudo tão simples, mas que chama tanto a atenção...
Um dia desses minha mãe me disse: "uma vez que o tempo passa, mais perto a gente chega do nosso fim, menos coisas a gente pode recuperar". Sábias palavras da mamis. E realmente, depois dos 15, tudo passa fantasticamente, assustadoramente, repentinamente, intimidadoramente rápido. Você está com os olhos abertos e você tem 10 anos; você pisca e tem 16! Dá medo, ow!
Mas, deixando as lembranças de lado, toquemos no assunto das projeções. E a conversa tomou outro rumo: como que vc se imagina daqui a 10 anos? Como seria sua família? Como seria sua profissão? No final das contas, falaram que eu, sem perceber, me descrevia como uma mulher que vive nos EUA; descrevendo o típico modo das famílias de filme americano:
- morando numa casinha de estilo colonial, com telhadinho em forma de A;
- levando os filhos "perfeitos" pra escola, com direito a um beijinho de despedida antes de eles entrarem pelo portão da frente;
- chegar em casa e ser recebida pelo cachorro bobão;
- esperar o marido "perfeito" chegar do trabalho, te chamar de "querida" e se sentar com o resto da família à mesa pra jantar.
Só que também chegamos à conclusão: não dá pra fazer projeções do futuro. E, mais uma vez, eu senti medo...
A forma como a vida acontece, muitas vezes me assusta. Nunca nada é simples, todas as coisas são envoltas por uma aura muito grande de complexidade e mistério; tudo parece ser premeditado. Parece que o "curso natural" não tem nada de natural, que já foi feito há muito tempo, que nós não construímos nada à medida que caminhamos: só cumprimos o que já foi reservado pra nós. Parece que o passado nunca é distante, que ele sempre está nos cutucando com uma vara curta, seja através de uma aniversariante de 10 anos que age como eu agia com a mesma idade, seja através da notícia de que a nossa primeira professora vai caminhar para um lugar um pouco mais longe. O passado está sempre ali. Já o futuro? Ha! Ele a Deus pertence, né? Só que ninguém é impedido de sonhar, ninguém é proibido de almejar e correr atrás pra tentar tapear o nosso "curso feito".
Realmente, é um tempo muito obscuro esse tal de futuro, mas enquanto algum tipo de luz não se acende, eu vou continuar me imaginando na minha casinha colonial, com a família perfeita, sabe-se lá onde! ;)
E enquanto a gente conversava, nós ficávamos falando que nós víamos nossas coisas de criança acontecendo com a Márcia (a aniversariante de 10 anos): o jeito de ficar com as amigas, o jeitinho de falar, a sensação de ser mais velha do realmente é, as caras e bocas de menina que já se acha moça. Tudo tão simples, mas que chama tanto a atenção...
Um dia desses minha mãe me disse: "uma vez que o tempo passa, mais perto a gente chega do nosso fim, menos coisas a gente pode recuperar". Sábias palavras da mamis. E realmente, depois dos 15, tudo passa fantasticamente, assustadoramente, repentinamente, intimidadoramente rápido. Você está com os olhos abertos e você tem 10 anos; você pisca e tem 16! Dá medo, ow!
Mas, deixando as lembranças de lado, toquemos no assunto das projeções. E a conversa tomou outro rumo: como que vc se imagina daqui a 10 anos? Como seria sua família? Como seria sua profissão? No final das contas, falaram que eu, sem perceber, me descrevia como uma mulher que vive nos EUA; descrevendo o típico modo das famílias de filme americano:
- morando numa casinha de estilo colonial, com telhadinho em forma de A;
- levando os filhos "perfeitos" pra escola, com direito a um beijinho de despedida antes de eles entrarem pelo portão da frente;
- chegar em casa e ser recebida pelo cachorro bobão;
- esperar o marido "perfeito" chegar do trabalho, te chamar de "querida" e se sentar com o resto da família à mesa pra jantar.
Só que também chegamos à conclusão: não dá pra fazer projeções do futuro. E, mais uma vez, eu senti medo...
A forma como a vida acontece, muitas vezes me assusta. Nunca nada é simples, todas as coisas são envoltas por uma aura muito grande de complexidade e mistério; tudo parece ser premeditado. Parece que o "curso natural" não tem nada de natural, que já foi feito há muito tempo, que nós não construímos nada à medida que caminhamos: só cumprimos o que já foi reservado pra nós. Parece que o passado nunca é distante, que ele sempre está nos cutucando com uma vara curta, seja através de uma aniversariante de 10 anos que age como eu agia com a mesma idade, seja através da notícia de que a nossa primeira professora vai caminhar para um lugar um pouco mais longe. O passado está sempre ali. Já o futuro? Ha! Ele a Deus pertence, né? Só que ninguém é impedido de sonhar, ninguém é proibido de almejar e correr atrás pra tentar tapear o nosso "curso feito".
Realmente, é um tempo muito obscuro esse tal de futuro, mas enquanto algum tipo de luz não se acende, eu vou continuar me imaginando na minha casinha colonial, com a família perfeita, sabe-se lá onde! ;)
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